Novas maneiras de pensar a prestação de serviços de saúde
Os serviços de saúde foram estressados até o limite durante esta crise ainda sem data para o fim. Antes mesmo do seu início, o sistema já enfrentava uma pressão que continuará mesmo após o seu término, decorrente também do envelhecimento da população, crescente carga de doenças não transmissíveis, restrições de gastos, regulamentações cada vez mais rígidas e escassez de profissionais no mercado.
Estima-se que até 2.030 haverá um déficit de mais de 18 milhões de profissionais na saúde, podendo ser ainda maior devido aos impactos trazidos pela COVID-19 e com questões relacionadas à forma como os cuidados são tradicionalmente organizados e prestados.
O sistema de saúde no Brasil, assim como em muitos outros países, está mal projetado, tendo pouco foco no trabalho à prevenção de doenças e no tratamento de forma proativa de seus usuários. Em sua maioria, estes serviços acabam sendo reativos e configurados para tratar momentos agudos relacionados a agravos de doenças pré-existentes.
A pandemia trouxe novas maneiras de pensar, forçando líderes a atender uma demanda sem precedentes e de tamanha complexidade e utilização de recursos do sistema.
Qual dessas soluções ajudará a levar os cuidados de saúde para o futuro?
Foi necessário um evento global para criar uma mudança social, que geralmente levaria anos para ser concretizada, e tudo foi estabelecido em semanas. Ousaríamos dizer que estaremos muito mais envolvidos na gestão da saúde da população do que propriamente na gestão de unidades isoladas.
Antes da pandemia, algumas organizações já se mobilizavam para atender às novas necessidades da saúde, trazendo reformas de suas instalações e aproveitando as novas tecnologias disponíveis para melhorar a experiência de seus usuários. Alguns destes serviços também trabalharam em estreita colaboração entre as partes interessadas da comunidade para atender às demandas vitais fora dos hospitais.
A medicina mudará nos próximos anos e à medida que melhorarmos nosso entendimento de sistema e integração de serviços, com uma estruturação robusta de algoritmos para a coleta de dados que realmente surtam efeito, isso mudará significativamente a forma como cuidamos das pessoas com base em seus fatores de risco pessoais.
Levar a saúde para as pessoas será o grande esforço para aumentar a eficácia do sistema. Entre essas estratégias, a implantação da saúde digital é de grande relevância.
Precisamos ter em mente que as grandes empresas compradoras de serviços de saúde continuarão a mudar fundamentalmente a maneira como compram serviços. Não há dúvida de que a mudança para os cuidados baseados em valor não foi afetada negativamente pela COVID-19. Na verdade, a capacidade de entrar no mundo digital deve ser uma sobreposição entre como os prestadores mudaram seus cuidados e como os compradores esperam que seus beneficiários recebam os melhores cuidados.
Dr. Bruno Cavalcanti Farras
Dra. Elizabeth Reis
Mara Machado